O Gege Akutami na última Weekly Shonen Jump disse que espera terminar Jujutsu Kaisen ainda em 2023 – uma notícia que acabou surpreendendo muitas pessoas, principalmente aqueles que acreditavam que o último arco duraria ao menos um ou dois anos, encerrando a série somente em 2024 ou 2025 -. Sim, ainda existe a possibilidade real que o autor esteja errando o cálculo de capítulos necessário para terminar a obra. Contando as várias pausas que o mangá pode ter, Jujutsu Kaisen ainda pode vir a se encerrar em meados de 2024, mas duvido que passe desse ano.
E isso acaba nos levando de volta à uma discussão muito recorrente: O que os editores vão fazendo quando a segunda série mais popular da revista terminar? Principalmente se levarmos em consideração que Boku no Hero Academia também pode terminar nesse ano de 2024. A Weekly Shonen Jump ainda não encontrou nenhum substituto para ambos os mangás e existe uma possibilidade REAL que a única série que venda mais de 300 mil cópias, em 2024, seja ONE PIECE. Somente um mangá vendendo acima dessa quantidade talvez nunca tenha acontecido em toda a história da revista.
Essa notícia, deste modo, não deve ser interpretada simplesmente como uma “má notícia”, mas sim como um AVISO que diz que a maior revista de mangás precisa de uma reestruturação ainda nesse ano, sem mais atrasos, sem mais desculpas. Repito, pela milésima vez, que séries como Spy x Family, Kaiju no.8 e Dandandan não deveriam ter sido lançadas pela Jump Plus – uma delas, até aceito, todas as três não -. Como também acho a transferência de Chainsaw-man uma terrível gestão por parte dos editores, que perderam um grande autor por não darem um ambiente confortável para o mesmo trabalhar.
Quando olhamos para as grandes empresas, percebemos que existem duas categorias: Aquelas que sabem se renovar (Marvel, Nintendo, Disney) e que continuam sempre tentando encontrar métodos criativos para distribuir seus produtos, incluindo criando novos produtos (que por exemplo começou como produtora de carta de baralho) que mantém a marca viva. E aquelas empresas que por não saberem se renovar, acabam caindo no esquecimento: Atari, Konami e Kodak. A última, na minha opinião é uma das mais importantes nesse campo. A Kodak era líder no campo da fotografia e foi responsável pela popularização da foto. Mas lutou com todas as suas forças contra a digitalização e assim acabou se tornando irrelevante – hoje a Kodak é simplesmente história, mesmo ainda existindo -.
A Weekly Shonen Jump é uma das revistas mais importantes da história do mundo artistico e proporcionou ao leitores a criação de muitos mangás históricos, mas está caminhando SIM para se tornar irrelevante quando ONE PIECE acabar – Isso acontece, pois a equipe editorial ao invés de estar renovando a própria revista, está movendo toda a inovação digital para a Jump Plus, que vai ganhando cada vez mais autonomia e cada vez mais importância. Se esse fenômeno continuar, é questão de anos para a Jump Plus se torna o nome mais importante do mercado, enterrando de uma vez por todas a relevância da Weekly Shonen Jump.
Eu acho essa decisão completamente desnecessária – a Weekly Shonen Jump não precisa ser uma entidade imutável, entre nos anos 60 e 2000, a revista mudou várias vezes, alterando a sua forma e modo, então por quê não continuar mudando agora? – O que eu quero dizer é que está na hora de reestruturar a revista e mudar alguns pilares que estão completamente corroídos pela idade.
É necessário os editores aceitarem SIM lançamento de obras não semanais, com uma Line-Up DINÂMICA – utilizando como exemplo a Young Jump que era uma revista semanal e agora aceita obras com várias frequência – É possível criar um grupo de quatorze obras semanais, que vão manter uma estabilidade nos lançamentos. Essa Line-Up pode ser compostas principalmente por autores novatos que ainda tem muito fôlego para lançar mangás e por autores veteranos que querem adotar um ritmo mais acelerado. Depois uma Line-Up de dez obras quinzenais (que se alternam a cada semana), que seria composta por obras novatas de autores que não tem capacidade de lançar mangás semanais e são MUITO PROMISSORES e obra de autores veteranos que precisam de um ritmo mais lento (É possível sempre transformar um mangá de semanal para quinzenal e vice-versa). E depois, como os editores já fizeram no passado, poderiam também dedicar um “SLOT” para quatro obras mensais, que seriam de autores veteranos de altíssimo respeito. Com esse sistema poderiamos ter semanalmente 20 obras + One-Shot.
Uma obra como Kaiju no.8 já foi lançada na Jump Plus com um grande “HYPE”, pois os editores sabiam do seu grande potencial. Eu entendo o lançamento de Spy x Family na Jump Plus, já que os editores não esperavam esse grande sucesso, mas o único motivo pelo qual Kaiju no. 8 acabou sendo lançado na Plus foi por causa da sua periodicidade.
A grande qualidade desse sistema é que permite abranger um range enorme de autores, dando possibilidade a autores com saúde mais frágil de lançar mesmo assim obras da revista – É um modo de aumentar a qualidade -. O problema desse método é que seria mais complicado saber quais obras seriam lançadas na semanal, mas os leitores modernos JÁ SÃO ACOSTUMADOS com lançamentos inconstantes. Seguindo mangás de muitas revistas diferentes e principalmente seguindo os lançamentos digitais que são uma confusão, o leitor de mangá se acostumou a ter dadas diferentes para cada mangá, não seria algo novo para ninguém.
De qualquer modo, se pode sempre FACILITAR a vida dos leitores colocando nas páginas finais da revista um cronograma de lançamento, com as datas e edições que serão lançados cada mangá não-semanal. Esse mesmo cronograma pode ser disponibilizado no site – já que a Weekly Shonen Jump também é lançada digitalmente – e também através da App da MangaPlus com uma aba de cronograma, permitindo assim um rápido acesso as datas. Soluções simples que resolveriam o problema e que permitiram o lançamento de obras como: Spy x Family, Dandandan e Chainsaw-man na Weekly Shonen Jump.
O segundo ponto é que a revista precisa diminuir o seu “ego” e do mesmo modo que vimos que um mangá pode ser transferido da Weekly Shonen Jump para a Jump Plus, os editores deveriam começar a transferir sucessos da Jump Plus para a Weekly Shonen Jump – É estúpido que a WSJ só possa aceitar mangás que tenham sido lançados desde o seu primeiro capítulo na revista, enquanto as demais podem aceitar as transferência “de outras revistas” -. A Jump Plus divide a mesma estrutura que a Shonen Jump, tem o mesmo editor-chefe (O Nakano) e os mesmos editores, vivem em constante simbiose.
Em relação as condições de trabalho, é necessário melhorar também. Nesse campos vimos mudanças e devo elogiar. A política do “mangaká vai morrer desenhando a sua obra” está sendo, pouco a pouco cancelada, e os autores veteranos estão realizando mais férias. Como qualquer ser humano, os mangakás não devem ter a própria saúde destruída por causa do trabalho. Contudo eu acho que podemos melhorar: Oferecer maiores salários e divisão dos ganhos, principalmente aos autores veteranos pode acabar estimulando esses autores a voltarem para a revista e assim podemos ter mais obras de qualidade.
Direito a férias mais prolungadas, de 2 a 3 semanas ao ano, permite que esses mesmo autores possam ter uma vida além do trabalho – E pasmem, isso pode acabar ajudando também na criatividade dos mangakás -. Sabemos como Oda utiliza das suas viagens para imaginar e criar novos mundos criativos pra ONE PIECE. A Shueisha tem ganhos exorbidantes e devem garantir condições de trabalho mais justas.
E por fim, eu acredito que seja necessário e URGENTE a demissão do Nakano, é o momento de um novo editor-chefe que seja capaz de guiar a revista nesse momento de crise. A Weekly Shonen Jump é um barco completamente a deriva, no qual o capitão está correndo pelado e gritando: “Salva-se quem puder”.
O grande problema de Nakano é que parece não estar reconhecendo a sua má-gestão, não realiza uma auto-crítica. O resultado é que as obras lançadas são as mesma a quatro anos (Battle-Gags, Battles Shounen de exorcistas, ausência de mangás de esporte – e não, Akane Banashi não é um mangá de esporte, mesmo que o Nakano diga que sim. Nunca vi a modalidade esportiva: Rakugo), sem nenhuma mudança criativas relevante.
O resultado é uma revista congelada tanto no quesito organizativo quanto no quesito criativo. Uma revista que vê séries como Kimetsu no Yaiba, Jujtusu Kaisen, Dr. Stone, Yakusoku no Neverland, Haikyuu!! terminaram e não consegue encontrar um substituto ao nível. É uma situação preocupante… Eu realmente espero que essa seja somente uma crise que irei escrever sobre em uma retrospectiva daqui a 10 anos… Eu realmente espero.