Crítica do 1º Episódio do Anime de MASHLE.
Quando escrevi o “Vale a Pena ler” do mangá MASHLE, dei nota 8, mas com o passar dos volumes, os defeitos que citei na análise se tornaram predominantes: O meu medo da sua comédia se tornar repetitiva e meu temor do autor não conseguir entregar uma arte incapaz de dar grandiosidade das cenas de ação se concretizaram e acabaram suprimindo a maior qualidade da obra, que era a comédia genuinamente divertida dos primeiros capítulos.
Contudo o primeiro episódio do anime produzido pela A-1 Pictures restaurou minhas esperanças sobre a obra.
A comédia, que já era boa no primeiro capítulo do mangá, se tornou ainda mais engraçada na introdução do anime. A equipe soube muito bem identificar o timing de cada piada, dando a tonalidade correta ao humor da série. Isso deve render os primeiros 12 episódios do anime mais divertidos e não dar aquela sensação de “piadas repetitivas” que pouco a pouco acabaram estragando o mangá. Sim, MASHLE continua sendo um grande crossover de “One-Punch Man” com “Harry Poter” e SIM seu humor continua sendo previsível, mas é inegável que a equipe do anime tem conhecimento das problemáticas do seu humor.
Aliás, não somente sabem as problemáticas da sua comédia, pois mesmo com uma equipe limitada e com diretores inexperientes, podemos observar uma clara evolução nas cenas de ação em comparação ao mangá, que entregava bons quadros, mas uma transição ruim e batalhas decepcionantes. Eu acho que o grande problema das lutas de MASHLE é que o autor não tendo um verdadeiro tato para o Battle-Shounen acaba criando batalhas com coreografias pobres e poderes genéricos.
Aviso: Continuem não esperando lutas como as de “Jujutsu Kaisen” ou “ONE PIECE”, os primeiros episódios de MASHLE são de comédia, deste modo, a pancadaria será sempre muito simplificada. Entretanto nessa introdução, quando alcançou o clímax, a equipe não decepcionou e entregou um combate com uma animação fluída e dinâmica, dando ao espectador uma pequena dose de adrenalina – e uma grande dose de risos, já que as cenas uniram muito bem a comédia com a ação -.
Outro motivo para não se animar demais em relação a qualidade da animação da obra é que possivelmente a A-1 Picture possa ter sofrido com alguns problemas na produção por causa da Covid-19, além da equipe da obra tem muitos artistas principiantes. Podemos notar já nesse primeiro episódio certos momentos que a animação “vacila” e podemos observar algumas escolhas de design que soaram datadas e bregas (como as bordas no flashback). É possível que esses problemas sejam intensificados nos próximos capítulos (já que o primeiro episódio tende ser aquele mais bem cuidado) e vejamos mais defeitos.
Algo que certamente que não me agradou muito nesse episódio foram os efeitos sonoros, que muitas vezes soavam “bobos” – uma infantilização que a obra não precisava -. Já a trilha sonora me dividiu, pois não sabia se ia para o medieval mágico ou se adotava uma proposta mais moderna. As canções eram escolhidas de acordo com as cenas, sem pensar em construir uma atmosfera mais coesa, como vemos em obras como “Harry Potter”. O resultado um episódio que migra constantemente de gêneros e não entrega uma identidade sonora, mesmo entregando passagens no qual a trilha sonora combinou perfeitamente (como a luta entre Mash e o vilão).
MASHLE entrega um primeiro episódio que consegue melhorar dois elementos que serão essenciais para que a obra se torne um sucesso: a comédia e as cenas de ação. MASHLE é uma obra que começa muito bem e depois vai piorando, volume após volume, mas como os produtores conseguiram realçar nesse inicio as qualidades e conseguiram minimizar os defeitos do mangá, eu acredito que as chances de sucesso do anime sejam boas (se a qualidade se manter estável).
Inclusive, como eu já disse, a série mesmo tendo os defeitos que previamente citei, restaurou a minha esperança sobre a obra. Eu pensava que iria assistir os primeiros capítulos, me cansar da comédia de MASHLE e abandonar o anime (só não abandonei o mangá por causa do site), mas como os editores conseguiram entregar um conteúdo melhor que o mangá, eu estou até esperançoso que não irei dropar o anime. O risco ainda existe, mas aogra é menor que antes da estreia.