Estamos de volta com a Shonen Magazine! Perdão pelo sumiço, pessoal. Tive minha primeira viagem ao Japão e foi difícil encontrar tempo para escrever, mas em compensação colhi muita informação nova e comprei algumas Magazine, ver a indústria em primeira mão me ajudou a ver certos aspectos de forma diferente e tentarei passar isso pelo texto e o destaque da semana será diferente do comum. Vamos para a TOC.
1. Mokushiroku no Yonkishi (Página Colorida de Abertura) Ch. 129
2. Kanojo, Okarishimasu Ch. 307
3. Blue Lock Ch. 241
4. Mononoke no Ran (Página Colorida) Ch. 07
5. Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 73
6. Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 157
7. Hajime no Ippo Ch. 1441
8. Yowayowa Sensei (Página Colorida, Aniversário) Ch. 51
9. Jyushin no Katana Ch. 04
10. Kakkou no linazuke Ch. 182
11. Edens Zero Ch. 265
12. Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 58
13. Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 75
14. Megami no Café Terrace Ch. 130
15. Sentai Daishikkaku Ch. 119
16. Ao no Miburo Ch. 103
17. Gachiakuta Ch. 78
18. Hebi-Mena Kanojo (Oneshot)
19. Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 113
20. Brave Bell Ch. 23
21. Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 117
22. KIMURAXCLASS Ch. 21
23. Fumetsu no Anata e Ch. 180 – 2
Ausências: Mayonaka Heart Tune Ch. 10, Usayama Joshi Koukou 2-nen 1-gumi!! Cap. 27, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiato)
Na capa uma modelo como sempre, consegui presenciar em primeira mão leitores folheando os ensaios de modelos como as da Magazine e depois só fechando a revista na parte de mangá. Então sim, isso ainda é uma tática efetiva para chamar atenção e vender.
Indo aos mangá, Mokushiroku no Yonkishi pegou as primeiras páginas coloridas para trazer mais informações do anime e celebrar sua segunda parte. Isso mostra duas coisas, uma que o anime realmente esperava impulsionar mais o mangá obviamente (todo anime é para isso), mas com a vinda de uma parte 2 relativamente cedo, a história precisava talvez de mudanças já que os leitores de Nanatsu no Taizai realmente não estão vindo. Ainda assim é uma das séries que vende mais e não vão cancelar.
Em segundo e terceiro lugar temos Kanojo Okarishimasu e Blue Lock respectivamente. Dois dos mangá mais populares da Magazine. Algo que pretendo ressaltar aqui é o tanto que séries de manga e anime vendem inúmeros produtos no Japão, então o lucro que vem de uma franquia de sucesso não existe apenas na venda de volumes de mangá, editoras como a Kodansha lucram muito com o licenciameento de produtos também. Kanojo Okarishimasu e Blue Lock são duas das franquias sempre presentes em lojas de anime, com muitos fãs comprando figures, chaveiros, badges, camisas, etc. E uma grande vantagem é que apelam primariamente à demografias diferentes, Kanojo Okarishimasu vendendo mais a um público masculino e Blue Lock ao feminino, essa divisão é visível nas lojas que colocam seus produtos separados com outras séries de demografia parecida — Blue Lock geralmente está perto de séries de idols masculinos, por exemplo.
Quarto lugar com página colorida está Mononoke no Ran. Ganha mais promoção de novo por ser uma série nova que a revista gostaria que fosse sucesso para trazer variedade de gênero, mas realmente tem uma presença digital nula. O volume 1 ainda não saiu e milagres acontecem de vez em quando, mas possuo expectativas muito baixas. Na quinta posição, Seitokai ni mo ana wa aru! que se mostra estável, vendendo praticamente o mesmo na primeira semana de seu novo volume em relação ao anterior. Pelo visto o crescimento para por aqui e a comédia precisará de um anime para evoluir em vendas, mas é uma posição segura e saudável.
Sexto posto para Shangri-la Frontier, agora sendo um mangá capaz de vender 100 mil cópias em seu primeiro mês. O sucesso faz a série ser mais promovida pela revista (pegou as primeiras páginas coloridas da edição anterior) e pelas lojas de manga: existem espaços logo de frente para o consumidor no qual promovem os mangá que estão tendo anime em adaptação. É um destaque grande e que promove que as pessoas comprem desde o volume 1 dessas séries, assim aumentando suas vendas anteriores. Shangri-la Frontier é um dos que mais vi em destaque, estando atrás dos bem mais promovidos Sousou no Frieren e Kusuriya no Hitorigoto, mas já é um bom sinal de crescimento, principalmente em relação a outras obras de batalha que não estão crescendo como seu parceiro Mokushiroku no Yonkishi e o rival Undead Unluck.
Hajime no Ippo fica em sétimo. Apesar do declínio ao longo do tempo, Ippo já volta a ser uma das séries mais bem vendidas da Magazine por ter uma base de leitores fiel, enquanto muitos outros mangás da lineup perderam mais de seus leitores ao longo do tempo.
Página colorida e oitavo lugar para Yowayowa Sensei, celebrando um ano de publicação. É um ecchi que realmente estagnou em vendas, mas a falta de competidores o deixa sobreviver. Tem potencial para um dia se tornar uma possível fonte de produtos como figures, então existe essa vantagem também.
Nono na TOC está Jyushin no Katana. A Shonen Magazine é uma revista na qual veteranos reinam, tendo licença para basicamente continuarem séries novas pelo tempo que quiserem e já recebem muito mais interesse natural dos fãs do que os novatos, Jyushin no Katana não foge do caso. Mesmo que sem ser um hit instantâneo, o mangá atrai muito mais atenção que novatos como Mononoke no Ran e recebe elogios pelos fãs da autora pelo tom nostálgico e a confiança que eles tem no desenvolvimento da obra. Narrativamente e em termos de estilo, é difícil não ver o mangá como Samurai Deeper Kyo para um novo público, os primeiros capítulos das duas séries se assemelham muito tanto em batalhas quanto os elementos de fanservice e comédia, todos transmitindo uma sensação nostálgica aos leitores. O editorial tem noção disso e até liberou os trabalhos anteriores da autora para leitura gratuita na Magazine Pocket, vamos ver se novos leitores também se interessarão, mas por enquanto tudo aponta que a história veio para ficar.
Décimo lugar Kakkou no Iinazuke, que teve uma ligeira queda nas vendas do último volume numa trend comum mas que ainda o coloca como um mangá na faixa dos 50 mil por volume, o que é muito bom. Logo abaixo em décimo primeiro, Edens Zero que vendeu 12 mil na primeira semana de seu novo volume, basicamente o mesmo do anterior. Sinceramente um resultado muito fraco para o Mashima, que é um dos maiores autores da história da revista, e talvez explique porque a história já tenha chegado ao seu arco final – é melhor para todos os lados tentar terminar a obra de forma digna e criar uma nova série que explore melhor o potencial de mercado do criador. Fazendo uma comparação direta às duas séries, enquanto Kakkou no Iinazuke é fácil de se encontrar produtos por aí, Edens Zero mal existe, é um mangá de apelo muito mais casual que otaku e por isso precisa que seu mangá venda mais.
Em décimo segundo e décimo terceiro, Akabane Honeko e Kanan-sama respectivamente. Akabane Honeko praticamente vendendo em uma semana quase o mesmo do volume passado e Kanan-sama que existe como o ecchi ligeiramente mais popular que Yowayowa Sensei. Os dois não são super sucessos, mas também não correm risco quando os novatos vão muito pior.
Megami no Café Terrace em décimo quarto vivendo ali no mesmo pelotão de Kanojo Okarishimasu e Kakkou no Iinazuke como romcom que teve anime, tem muitos produtos em lojas e vende mais de 40 mil por volume – são três séries lucrativas. Sentai Daishikkaku em décimo quinto, com mais um resultado ruim em vendas já que seu novo volume nem rankeou na Oricon e vendeu apenas 8 mil em uma semana – o mangá também basicamente não existe no espaço comercial e vive basicamente por causa dos benefícios trazidos pelo nome do autor.
Ao no Miburo em décimo sexto é outro caso da Magazine dando todo apoio a veteranos, o anime está vindo e me pergunto se existe algum plano da obra acabar após o fim de sua exibição, mas é bem capaz de durar o tempo que o autor quiser. Gachiakuta abaixo em décimo sétimo, com seu volume mais recente caindo de 30 mil para 26 mil – o que seria um drop pequeno, mas faz mais peso numa obra novata que está segura, mas não deve ser uma aposta para um anime forte igual o de Shangri-la Frontier.
Abaixo de um oneshot, Kuroiwa Medaka em décimo nono numa variação normal para o mangá que só espera seu anúncio de anime. Brave Bell em vigésimo que pode sobreviver um round de cancelamentos pelo fracasso de KIMURAXCLASS.
Vigésimo primeiro na ToC, Amagami-san já fez parte do primeiro pelotão de romcom em vendas, mas se desprendeu de seus companheiros que ganharam anime enquanto perde vendas volume após volume. Isso realmente pode ser o caso dos anime terem mantido as vendas das outras obras, enquanto Amagami-san está só esperando a estreia da sua já anunciada adaptação. Entretanto quero ressaltar que a obra já tem muitos produtos em lojas e sempre aparece junta de Kanojo Okarimashi, Kakkou no Iinazuke e Megamii Café, mostrando uma confiança de muitas empresas que o mangá logo se tornará parte desse grupo de franquias lucrativas.
KIMURAXCLASS em vigésimo segundo está condenado já que não vende praticamente nada e Fumetsu no Anata e fecha a TOC com sua posição padrão.
Destaque: Gotoubun no Hanayome e Tokyo Revengers
“Pera lá, mas esses mangá já terminaram!”
Sim. As histórias deles já terminaram… mas efetivamente eles ainda estão definindo o que é a Shonen Magazine mais do que as obras que estão ainda em publicação.
Ir ao Japão e procurar por produtos da Weekly Shonen Magazine é basicamente pedir para entender a sombra que essas duas séries fazem na revista.
Gotoubun no Hanayome é até chocante, é impossível visitar qualquer loja de anime ou mangá sem direito dar de cara com as cinco irmãs Nakano. Sempre uma das principais sessões, divididas por franquia, das lojas é de Gotoubun: inúmeras figures, gachapon, stickers, travesseiros, etc. Tudo que você puder imaginar, tem uma versão das quintuplas – e não só de uma delas, tudo que tem para uma, tem para as outras quatro já que cada fã tem sua favorita.
Isso se torna ainda mais lucrativo quando você se toca o quanto o Japão ama gacha e jogos de sorte/azar. Máquinas de gachapon podem dar produtos baratos das personagens, mas é uma chance em cinco de conseguir a preferida e muitos vão girar até tirar a que querem. O mesmo vale para as várias loterias presentes em lojas japonesas e até em mercados, no qual você pode comprar produtos como bolachas de Gotoubun, que dão um sticker aleatório de uma das cinco heroínas.
A presença delas em todo lugar e essa dinâmica de igualdade entre as cinco torna a série presente até hoje e influencia demais as romcom modernas. Kanojo Okarishimasu, Kakkou no Iinazuke e Megami Café até tem produtos similares e a confiança dos lojistas no sucesso dos produtos de Gotoubun é a provável razão dessas séries terem tanto do tipo, todo mundo quer recriar aquele sucesso – o que explica também a aposta forte já em produtos de Amagami-san, que também usa a dinâmica de um protagonista tendo que escolher entre irmãs.
Já Tokyo Revengers não é tão onipresente assim, provavelmente influenciado por Blue Lock e alguns outros anime/jogos terem tomado um pouco do seu público, mas ainda assim é inegável que Tokyo Revengers é mais presente e popular que qualquer outra série de luta da Shonen Magazine.
Muitos falam até que “a moda já passou” para Tokyo Revengers, mas o anime continua e mesmo com uma força ligeiramente reduzida, é um dos mangá mais vendidos da história. Um Tokyo Revengers enfraquecido é ainda maior que quase qualquer outra obra na indústria.
Não é por acaso que a Kodansha promove tanto Wind Breaker, uma obra de delinquentes da Pocket: Tokyo Revengers não teve um substituto direto e seu final implica simplesmente em sua imensa popularidade dissipando por várias outras obras no mercado e não se concentrando na editora.
As futuras temporadas e possíveis filmes ainda vão manter Tokyo Revengers como uma das grandes obras da Shonen Magazine por muito tempo, mas a revista terá que continuar buscando obras de sucesso que possam manter esse público.
Gotoubun no Hanayome é basicamente o pilar do gênero principal da revista, Tokyo Revengers já é o grande sucesso inesperado que não conseguem replicar. Os dois representam tanto os sucessos da revista, como os problemas criados pelos seus finais. Negi Haruba criou Gotoubun e Sentai Daishikkaku, sua obra atual, não chega nem perto da popularidade da obra anterior; Tokyo Revengers se foi e basicamente nada que não fosse romcom se firmou mais na revista. Enquanto a situação continuar assim, essas duas histórias já acabadas continuarão sendo parte dessa “lineup fantasma” da Shonen Magazine, até páginas coloridas ganham às vezes.